[Trecho retirado de CRAIG, William Lane. Apologética contemporânea: a veracidade da fé cristã; tradução A. G. Mendes, Hans Udo Fuchs, Valdemar Kroker. — 2. ed. — São Paulo: Vida Nova, 2012. pp. 387-389.]
Agora desejo compartilhar com
você a apologética mais eficiente e prática da fé cristã que eu conheço. Essa apologética
ajudará você a ganhar pessoas para Cristo mais do que todos os outros
argumentos de seu arsenal apologético juntos.
Essa apologética superior abrange dois relacionamentos: o seu relacionamento com Deus e o seu relacionamento com outras pessoas. Esses dois relacionamentos são diferenciados por Jesus em seu ensino sobre o dever do homem: “Um deles, doutor da lei, interrogou-o, para coloca-lo à prova: Mestre, qual é o maior mandamento na Lei? Jesus lhe respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos” (Mt 22.35-40). O primeiro mandamento rege nosso relacionamento com Deus; o segundo, o relacionamento com nosso próximo. Vejamos cada um deles mais de perto.
Primeiro, nosso relacionamento com Deus. Ele é regido pelo grande mandamento:
Ouve, ó Israel; O SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás sentado em casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te. Também as amarrarás como sinal na mão e como faixa na testa; e as escreverás nos batentes da tua casa e nas tuas portas.
Observe a importância conferida a
esse mandamento: amar a Deus deve ser nossa única preocupação na vida. Às vezes
ficamos com a ideia de que nosso principal dever na vida é servir a Deus,
talvez ser um grande apologista, esquecendo-nos de que nosso objetivo principal
deve ser aprender a conhecer a Deus, como J. I. Packer nos adverte:
Podemos e devemos colocar as prioridades da nossa vida em ordem. Lendo as publicações cristãs mais recentes, pode-se pensar que a questão mais vital para todo [...] cristão no mundo hoje em dia é [...] o testemunho social, o diálogo com outros cristãos e com outras religiões, a refutação desse ou daquele "ismo', o desenvolvimento de uma filosofia e de uma cultura cristã, ou coisas do gênero. Nossa linha de estudo, porém, faz a concentração do nosso tempo nessas coisas parecer uma gigantesca conspiração de distorção. É claro que não se trata disso; as questões em si são reais e precisamos lidar com elas onde estão. Mas é trágico que, ao lhes dar atenção, tantas pessoas hoje em dia pareçam ter se distraído do que foi, é e sempre será a verdadeira prioridade de todo ser humano — aprender a conhecer a Deus em Cristo.¹
Em nosso relacionamento com Deus,
devemos lhe dar o que é seu de direito — que é tudo o que temos e somos. O
cristão deve estar, logicamente, totalmente dedicado a Deus (Rm 12.1,2) e cheio
do Espírito Santo (Ef 5.18). Deus, por seu lado, por causa de nossa posição em
Cristo, concede-nos perdão dos pecados (Ef 1.7), vida eterna (Rm 6.23), adoção
como filhos (Gl 4.5) e coloca à nossa disposição ajuda e poder ilimitados (Ef
118,19). Pense em quanto isso significa! Além disso, ele nos concede a
experiência, por estarmos cheios do Espírito, do fruto do Espírito: amor,
alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, amabilidade e
domínio próprio (Gl 5.22,23). Quando
esse relacionamento está em ordem, o resultado da nossa vida é retidão (Rm
6.16), e o subproduto da retidão é felicidade. A felicidade é algo fugidio, que
jamais encontraremos enquanto a buscarmos diretamente; mas ela surge quando
buscamos o conhecimento de Deus e sua retidão é concretizada em nós.
O outro relacionamento é com o
nosso próximo. Ele é regido pelo segundo grande mandamento, como Paulo explica:
“Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; ou qualquer outro
mandamento, tudo se resume nisto: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Rm
13.9). Por que amar é o grande mandamento? Simplesmente porque todos os outros
são manifestações do amor na prática (Rm 13.10). Quando amamos os outros,
simplesmente lhes mostramos que compreendemos o amor de Deus por nós e que ele
se manifesta na vida que vivemos em favor dos outros. Como diz João: “Se Deus
nos amou assim, nós também devemos amar uns aos outros” (1Jo 4.11). O que o
amor implica? Para começar, amar significa possuir as características descritas
em 1Coríntios 13. Será que podemos dizer: “Eu sou paciente e gentil, não sou
ciumento nem orgulhoso, nem arrogante nem grosseiro; não sou egoísta nem
irritadiço nem ressentido; não me alegro com coisas erradas, mas fico feliz com
o que é certo; suporto tudo, acredito sempre, espero todas as coisas, persevero
até o fim”? Além disso, amar implica ter um coração de servo, disposição para
considerar os outros melhores e para servi-los e buscar os interesses deles
como se fossem os meus (Gl 5.13b,14; Fp 2.3). Certamente Jesus é nosso modelo
supremo nisso; lembre-se de como ele se curvou para lavar os pés sujos dos seus
discípulos!
O que acontece quando esses dois
relacionamentos são fortes e íntimos? Haverá unidade e calor humano entre os
cristãos. Haverá amor que permeia o corpo de Cristo, que Paulo descreve assim:
“Seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.
Nele o corpo inteiro, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo
a correta atuação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si
mesmo no amor” (Ef 4.15 ,16). E qual será o resultado dessa unidade no amor? O
próprio Jesus nos dá a resposta em sua oração pela igreja: “Para que todos
sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles estejam
em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste [...] eu neles, e tu em mim,
para que eles sejam levados à plena unidade, a fim de que o mundo reconheça que
me enviaste e os amaste, assim como me amaste” (Jo 17.21-23). De acordo com
Jesus, nosso amor é para todas as pessoas um sinal de que somos seus discípulos
(Jo 13.35); mais que isso, porém, nosso amor e unidade são provas vivas para o
mundo de que Deus Pai enviou seu Filho Jesus Cristo, e que o Pai ama as pessoas
assim como ama a Jesus. Quando as pessoas virem isso — nosso amor uns pelos outros
e nossa unidade no amor — elas então serão atraídas a Cristo por causa disso e
aceitarão a oferta de salvação do evangelho. Na grande maioria das vezes, o que
leva um incrédulo a Cristo não é o que você diz, mas o que você é.
Portanto, esta é a apologética
superior. A apologética superior é a sua vida.
1- J. I. PACKER, Knowing God. Londres, Hodder &
Stoughton, 1973, p. 314.
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